Raros e excêntricos literários sinaliza para temas de cardinal importância no contexto das profundas transformações que vive a historiografia literária latino-americana e dos debates contemporâneos em torno a uma ideia não essencialista de comunidade. Os raros e seu lugar no processo literário; as escritas que se produzem de forma excêntrica ou deslocada de uma suposta norma literária dominante; as relações filiativas que não acompanham os paradigmas tradicionais de filiação literária, desafiando as noções totalizantes de identidade, diferença, origem e representação. Rafael Gutiérrez problematiza neste livro a noção de raro literário, mapeia usos do conceito, sistematiza suas características e estuda um conjunto de escritores latino-americanos que no momento de produção de sua obra não tiveram grande impacto na crítica, não foram “representativos” do cânone dominante em seu tempo e não tiveram seguidores, mas que anos depois ganharam um lugar de referência e, inclusive, status de precursores para outra geração de escritores. Raros e excêntricos literários resulta, assim, uma proposta instigante, na medida que nos convoca a pensar os processos literários, a tradição e a própria ideia de comunidade literária de forma aporética, múltipla e sempre aberta, como é a própria vida literária.